domingo, 30 de maio de 2010

Ao Luiz, às Meninas do Luiz...

Encanta-me muito dessas coisas do sertão, da música à farofa com carne seca de bode (frita!). Do forró do Rei inspirei e pintei, do dengo das meninas da minha região colhi as graças, as cores, o molejo das formas e das curvas.
Da junção de tantos elementos fluí junto com o texto da canção Xote das Meninas para a representação imagética do lado "conspirador" de meninas que já me puseram a inspirar tantas outras obras.
Da minha intenção corri pelos quatro cantos da minha oficina para a produção das telas que se seguem. Com muito amor, dedico-as às meninas que se lançam à sedução por estas bandas daqui do sertão:

Mandacaru
Quando fulora na seca
É o siná que a chuva chega
No sertão
Toda menina que enjoa
Da boneca
É siná que o amor
Já chegou no coração...
De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando
Sonhando acordada...




sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um pedido do Bel Pires, uma homenagem ao Sr. Damário Dacruz

Meu caro e estimado amigo Bel Pires enviou-me este texto em homenagem ao Damário, para que fosse publicado neste Blog, então, o faço, pelo apreço que tenho a estes grandes mestres!!!


Damário DaCruz, o Cavaleiro da Luz


Por Bel Pires

É com o peito apertado que dedico essas linhas para Damário, nosso grande poeta. Relutei em escrever, mas se passado alguns dias não tenho mais como relutar, pois é com alegria que me lembro deste poeta e seu “gran finale”.

Conheci Damário no final dos anos 1990. Tinha o hábito de freqüentar o seu santuário “Poso da Palavra” na Cidade Histórica de Cachoeira em companhia do amigo cachoeirano Edmar Ferreira, historiador de ofício e poeta por convicção. Damário nos chamava de Cavaleiros da Luz, pelo fato de juntamente com ele aguardarmos o alvorecer do dia depois de experimentarmos a boêmia noite de Cachoeira, no deleite da boa poesia e saborosa cachaça. Todos nós ficávamos enfeitiçados pelos mágicos encantos vivenciados naquele que se intitulou, também magicamente, como “Pouso da Palavra”. Éramos os cavaleiros da Luz no castelo do velho poeta.



Fica aqui a minha dedicatória a Damário DaCruz, o cavaleiro da Luz!

Mais um Salão de Artes

Mais uma vez ingresso em um Salão de Artes. Muito simples, contudo, significativo, ainda mais quando se trata dum artista que persegue, literalmente, linhas interessantes para o seu currículo. Há cinco anos pleteio Editais da Fundação Cultural do Estado da Bahia quando se trata dos Salões Regionais de Artes Visuais e, em todas as vezes que fiz inscrição nunca fiquei de fora, sendo que, antes mesmo da primeira tentativa foi esnobado e levado a convencer de que não teria o mínimo talento para as artes plásticas ou área correlata, contudo, a argumentação (blablaliana) foi péssima, mesmo vinda de um "baCaninha Dias" das artes visuais do Estado Bahia (risos). Enfim, voltando ao que interessa: minha primeira exposição em Salão se deveu à poesia do Patrice de Moraes, pois, dela, pude extrair os elementos visuais para compor o Diário de Valquíria Lima. Por ter gostado da idéia de pleitear Editais de tal natureza, eis que se publica o segundo Edital, este, no ano de 2007; fiz inscrição de duas obras, as quais foram selecionadas e, para a minha surpresa, uma delas foi premiada! Não apenas isso: recebi o Prêmio Juarez Paraíso, Sala Especial no Salão do MAM do ano subsequente e publicação da obra em catálogo de artistas premiados pela FUNCEB! Maravilhoso para um artista novo que, jamais havia recebido sequer uma menção honrosa, entretanto, já havia participado da XVIII Bienal do Recôncavo e ralado muito pelas vias e vielas dessa vida. Para não deixar o costumeiro hábito, desde 2005 venho ingressando nos Salões da Fundação Cultural, dentre os quais me renderam "viagens" e viagens interessantes, pois, a permissibilidade da arte contemporânea abre-me à libertinagem e o fluir conceitual, que ainda não faz parte de alguns apreciadores que combinam cores de telas com os seus sofás!

O Salão que participarei em 2010 será aqui, na minha terra adotiva, em Feira de Santana, donde tenho, nas entranhas, muitos investimentos e enfrentamentos. Enfrentamentos voltados para espaços d'arte que não estão abertos para o público e sim para a poeira, sob o argumento, dos dirigentes daqueles, de que na cidade, arte não é para finais de semana; com isso grande parte dos amigos que gostam do meu trabalho o vêem neste blog ou vão à minha casa quando não podem ir às vernissages (é engraçado, mas é real).

A obra deste salão assinada pelo artista que vos escreve é intitulada de SOBRE A MESA DE MARIA AMÉLIA (deixei um pouco as Valquírias rs) e há toda uma argumentação que atesta a concepção da mesma. Trata-se de uma instalação, cujos elementos são voltados para o erotismo em conformidade com alguns trechos bíblicos. Chamo de conformidade o que a minha cabeça pode estabelecer numa anatomia comparada com imagem e texto; afinal, minha temática voltada para o erotismo tem essas nuances, muita gente critica e outras detestam, contudo, me rende seleções em espaços interessantes e, até mesmo mais notoriedade (o fato é curioso, mesmo!).

Eis, abaixo, um dos elementos da instalação: 

SOBRE A MESA DE MARIA AMÉLIA
TÉCNICA: BETUME DA JUDÉIA, VERNIZES E CARVÃO SOBRE DESCANSOS PARA PRATOS NA MESA (JOGO AMERICANO) - 05 DE 06
ANO: 2010

MEMORIAL DESCRITIVO DA OBRA: Questões relacionadas à sexualidade de mulheres donas de casa são veladas ao ponto de serem relegadas à condição de inaptidão “carnal”. E, quando tais questões são levadas à mesa na forma de discussão, que se propõe a forma conceitual desta obra, desnuda-se um universo cheio de pudores e restrições. “Redesenhar” a sexualidade em ambiente doméstico, através de imagem, está no intuito desta obra, a qual tem como suporte um acessório do quotidiano de várias cozinhas comuns: o “jogo americano” que se põe sobre a mesa e sob os pratos. Como estes “jogos” são decorados de imagens (frutas, legumes, flores e bons pratos preparados) peculiares ao ambiente e, são sinônimos de cuidado, para com a mesa posta, por mulheres que, de tão prendadas (neste contexto) são chamadas Amélias, a transfiguração azeita a discussão, seduz os olhos e transfere os sentidos da “comida” para outras formas de prazer. A Obra faz a conjunção de fatores que se reprimem para emergir com mais provocação, a saber: sexualidade e religiosidade. Como a religiosidade é determinante no processo de construção do comportamento de submissão ao “macho”, ser uma Maria e ser uma Amélia (ao mesmo tempo), ser a senhora do lar e dos afazeres sexuais põe a personagem desta Instalação em plena desobediência aos seus valores culturais e refém dos seus instintos (mesmo em pensamento). Gerar este paradoxo na mente da personagem incorre em “pecado” de consumir a própria carne quando que, o “ser mulher” põe-se em devaneios, até mesmo à mesa (e/ou sobre ela), doando o próprio corpo como alimento para desejos latentes.

sábado, 15 de maio de 2010

Bel Pires: Doutor Capoeirista


Mestre Bel Pires é um desses sujeitos a quem devo muito, quando se trata desse meu lado "capoeira"; pois, foi um dos poucos que estendeu a mão e me cedeu espaço e muito material para ler, para escutar e para ver acerca do tema. Estendeu a mão ao tempo que deixou uma porta aberta para a parceria em suas publicações. Devo ainda ressaltar a sua garra acadêmica, pois conseguiu chegar ao doutorado estudando o que mais gosta de fazer: capoeira. Sua vida sempre foi cheia de opções e muita ação. A opção de avançar e expandir academicamente com o estudo da historiografia bem vinculada à "vadiagem" rende àquele sujeito uma admiração muito grande emanada da minha pessoa, pois aquele preto vai buscar a razão dos seus sonhos aonde ela estiver. Em termos de ações consegue viajar carregando consigo sua identidade e, mais ainda, autoridade. Obrigado por ter realizado a abertura da Mostra e, vida longa!!! Você é mais do que mestre, é um cabra da peste rs.



Telas: Brinquedo dos Angolas: Capoeiragem

Estas são as novas telas que compõem o tema da capoeiragem do ano de 2010. Para a abertura dos trabalhos começam pelo MAC em exposição até dia 13 de junho, como um ensaio; contudo, em Agosto no CUCA (Galeria Carlo Barbosa), a discussão imagética acerca da temática terá um dendê especial, pois outros elementos associados ao movimento, à ginda, à mandinga e à vadiagem complementarão o meu passeio pelo universo da capoeira de angola e samba de roda. Não deixará de ser "brinquedo", pretendo azeitar mais um pouco o meu "jogo" imprimindo cores e aspectos da nossa sincrética reliosidade. Então, até lá! Todas essas telas estão à venda no MAC!

BRINQUEDO DE ERÊ I
TÉCNICA MISTA
(40X40)cm

BRINQUEDO DE ERÊ II
TÉCNICA MISTA
(40X40)cm

BRINQUEDO DE ERÊ III
TÉCNICA MISTA
(40X40)cm - ADQUIRIDA

BRINQUEDO DE ERÊ IV
TÉCNICA MISTA
(40X40)cm

BRINQUEDO DE ERÊ V
TÉCNICA MISTA
(40x40)cm


SERTÕES - BATERIA
MISTA SOBRE TELA
(80X60)cm


SERTÕES - ORQUESTRA NO MERCADO
MISTA SOBRE TELA
(80X60)cm

TRÊS TAMBORES
MISTA SOBRE TELA
(80X60)cm


NINAS SAMBADEIRAS
MISTA SOBRE TELA
(50X70)cm


GRAZES SAMBADEIRAS
MISTA SOBRE TELA
(50X70)cm


MANDINGA
MISTA SOBRE TELA
(40X60)cm


TREINEL
MISTA SOBRE TELA
(40X60)cm


VADIAGEM I
MISTA SOBRE TELA
(40X60)cm

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As Pixingas

Depois de algum tempo "matutando" a possibilidade de realizar uma exposição exclusiva com ilustrações inspiradas na obra do Pixinguinha, acabei por ensaiar este ato pintando as 6 telas, as quais seguem fotografadas abaixo. Cada uma delas é homônima ao texto que a inspirou, dessa forma deixei fluir o meu desejo de viajar pela pauta musical transformando em imagem semi-abstrata e bem sugestiva canções do grande mestre. Estas telas foram expostas no Museu de Arte Contemporânea em Feira de Santana-BA ao lado de outras obras também inspiradas em textos e/ou outras canções da música popular brasileira.

CARINHOSO
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

INGÊNUO
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

LAMENTO
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

PÁGINAS DE DOR
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

VOU VIVENDO
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

ROSA
ACRÍLICO SOBRE TELA
(50x50)cm
2008

 

Eu e o Cartola

"ACONTECE"
ACRÍLICO E GRAFITE SOBRE TELA
(60x60)cm
2009

"Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece."

Como, de fato, música permeia a minha vida, teimo em ilustrar belas canções. ACONTECE do Cartola é bela e, como sou apreciador dum boêmio lamento, senti-me bem a vontade para pintar, dessa forma muito simples, o que, aos meus olhos venha a ser o meu sentir diante da melodia, harmonia e ritmo daquela canção.

Eu e o Nelson

O texto do Nelson Rodrigues me instiga muito. É realidade crua, nua, pictórica, extravasada e passível de minha cobertura por pincel. Dessa forma e, numa boa oportunidade ilustrei duas de suas obras no ano de 2007, são pinturas bem significativas as quais participaram de mostras como o Aberto do CUCA e outras de minha autoria em Feira de Santana. Eis, o que consegui captar e transformar em imagem:

CAÇULA CILENE
ACRÍLICO E PASTEL ÓLEO SOBRE TELA
(100x100)cm
2007

BONITINHA, MAS ORDINÁRIA
ACRÍLICO SOBRE TELA
(100x100)cm
2007

quarta-feira, 5 de maio de 2010

... outros aspectos 2

"DÊ". TÉCNICA: MISTA/TELA. (50x70)cm. FEV2010

"Sou um homem.
Portanto,
mais que palavra.

Não pronuncio
o sentimento
apenas como palavra."

(Damário Dacruz - Caixa-Preta)

Brinquedo dos Angolas: Capoeiragem



“Corpo, Movimento e Ludicidade”: com esse mote Gabriel Ferreira, artista plástico, estréia o ano de 2010 com a mostra “Brinquedo dos Angolas – Capoeiragem” trazendo mais uma vez em suas telas e ilustrações a dinâmica da capoeira angola com vários aspectos gestuais e da vadiagem desses agentes sociais. A referida temática vem sendo trabalhada há 10 anos pelo artista, por meio do seu encantamento e proximidade com aquela atividade cultural. Em parceria com o Malungo Centro de Capoeira Angola tece o discurso imagético a partir dos textos produzidos pelo mestre de capoeira, historiador e professor Josivaldo Pires de Oliveira (Bel Pires), com o qual mantém atividade de publicação de ilustrações em livros e revistas especializadas, além de participar de mostras em outros estados do país e no exterior. Para a abertura da mostra no MAC, o Mestre Bel Pires fará uma pequena palestra sobre o trabalho desenvolvido e temas correlatos.


Um olhar sobre a evolução sexual feminina na arte contemporânea.
O corpo sugerido em diversas telas colocando ênfase alusivos à corporeidade e à sensualidade criando uma reflexão sobre uma suposta liberdade.
Marluce Moura, possibilitou a compreensão da corporeidade na sua arte e das varias formas de vivenciar o corpo feminino neste cenário: o corpo ritualizado, o corpo mecanizado e o corpo sexuado; A mostra propõem uma reflexão sobre a feminilidade --analisando, com várias abordagens dois pontos q representam uma mudança de comportamento - o Ponto cruz - A agulha é usada para reparar o estragado. Um grito contra o vazio. É importante despertar a atenção para o pensar e o fazer, bem como para o que acontece no ponto "g" - eliminar os limites. Portanto, fazendo uma leitura da energia que oscila entre estes dois pólos,(cruz ao g) determinando o nosso pensamento para evolução, para a energia oculta em toda a parte. O seu trabalho é como uma excursão sobre o tópico do feminino X contemporâneo - uma discussão que analisa determinados mitos e realidades sobre a mulher e chega à conclusão de que estes são muito mais complexos do que muitos pensavam.
Através dessas diferentes perspectivas de encarar o corpo e os seus “movimentos”, o Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira promove num mesmo espaço físico duas mostras de artes visuais, de dois novos artistas, com o intuito de entrelaçar linguagens que convergem a um mesmo fim: o corpo e sua interação com a cultura. Vernissage está marcada para o dia 13 de maio de 2010 às 20h, Rua Germiniano Costa, s/n, Centro, Feira de Santana-Bahia, com permanência programada para 13 de junho do mesmo ano.

... outros aspectos

ACRÍLICO E CARVÃO/TELA
(60x80)cm
2010

Não é mera coincidência, mas a tela acima tem viéses bem parecidos com os que teci para a construção da capa do livro do Silvério Duque, pois, ela é derivada daquela. Também, não é do meu gosto pintar o corpo masculino, ainda mais com tantas definições e, como não poderiam faltar: as desconstruções peculiares ao meu traço e à técnica (falta de técnica) que desenvolvo. A tela acima foi um presente para uma amiga, colega, companheira de trabalho, a qual dedica grande parte do seu tempo para me incentivar e dar apoio: Lu. Contudo, após ter pintado tanto "homi" deleitei-me em, pictoricamente, emaranhar-me algumas figuras femininas, pois são, alegoricamente, mais agradáveis aos olhos, aos pincéis e ao tato do artista que vos escreve.

Ilustrações para A PELE DE ESAÚ de Silvério Duque


As oito ilustrações que seguem abaixo são o meu "ato" diante dos poemas do meu grande amigo Silvério Duque. São telas de (30x30)cm sobre as quais consegui expirar muito da inspiração que me veio ao ter contato com as passagens do livro A Pele de Esaú.

Para além da técnica empregada - a do acrílico e do carvão - fui do desenho à pintura embebido de muito desejo de que tudo fluísse de forma mágica, assim como foi para a pintura da capa.

Muita responsabilidade recontar a poesia do Duque através da imagem, muita responsabilidade e muita firmeza manter a parceria de muitos anos e, uma satisfação imensa em conviver ao seu lado, não só como artista, mas como amigo ao longo desses 22 anos.

As fundações que estabelecemos na infância nos legou essa capacidade de entender, mutuamente, um o trabalho do outro. Contudo será sempre um desafio percorrer os versos do Silver, produzir uma releitura imagética e submeter à sua avaliação.

Eis as ilustrações, inspiradas em alguns poemas, as quais serão expostas nos lançamentos de A Pele de Esaú do poeta Silvério Duque:

TODAS AS TELAS:
TÉCNICA: ACRÍLICO/TELA
DIMENSÕES: (30x30)cm
ANO: 2010
AUTOR: GABRIEL FERREIRA

TELA 1
"Bendito seja todo esquecimento;
bendita, também, seja toda sede
e tudo mais que nos desperte a carne
ou que nos torne estranhos ante o espelho."

  TELA 2
"Grande conforto esta visão da noite,
esta noite existente em cada ouvido,
qual o mar encarcerado em cada concha...
Há, em cada sonho, um anjo adormecido..."
 
TELA 3
"E o que eu adoro em ti é a tua carne,
porque tudo o que é vivo se deseja;
assim, desejo em ti o meu tormento
que há-de crescer na proporção do tempo."
 
TELA 4
"Contemplo em tuas chagas a beleza
e a memória de tudo o quanto é vivo.
A dor, inda presente, sente a carne;
o amor nos oferece um gesto antigo."

TELA 5

"Nua, és como os frutos contra o vento,
o contrair impuro de teus músculos,
como a transpiração das tuas flores,
vela chorando só em meio as preces..."

  TELA 6
"...a noite derramando-se em ternura
e sono, o amanhecer que partilhamos...
Tudo passa, até mesmo a tua ausência
e a saudade que trago de quem somos."

TELA 7
"No dia em que fazemos tudo vive,
realizar é escapar da morte... mas,
não durarei apenas entre os outros,
pois dou aos versos usos e clarezas."

TELA 8
"Pesa-me sobre os ombros meu silêncio,
penso no fogo – renascer de tudo –,
na carne que perdi entre os escombros
do desejo, dos sonhos, dos sentidos..."